Taxas de juros podem dobrar custo dos empréstimos
Seg, 23 de Abril de 2012, 07h41min
As sucessivas quedas de taxas de juros cobradas pelos bancos brasileiros levaram os clientes a um cenário em que é necessário separar o que é, de fato, redução de juros do que é só ação de marketing, alertam especialistas no assunto.
Na sexta-feira, a Caixa Econômica Federal anunciou um novo corte das taxas — o segundo em menos de duas semanas — de financiamento de veículo, crédito pessoal e consignado para beneficiários do INSS, modalidades nas quais a taxa mínima oferecida pelo banco havia sido superada pela concorrência.
Mas a divulgação apenas da taxa mínima, alertam os analistas, não é referência para a maioria dos casos, pois só é oferecida em condições muito específicas. Daí a necessidade de o cliente pesquisar com critério, comparando as taxas mais adequadas para o seu perfil.
— O que mudou é a readequação da análise de risco do cliente. Ninguém está fazendo isso (reduzindo juros) porque é bonzinho — diz o educador financeiro Mauro Calil.
Simulações feitas por Calil indicam diferenças que podem praticamente dobrar a dívida do cliente. A ProTeste, entidade de defesa dos direitos do consumidor, vê problemas para o cliente negociar.
— Como os bancos estão divulgando com mais força só taxas mínimas, não está fácil para o consumidor fazer o cálculo e ter base para negociar com o gerente — afirma Maria Inês Dolci, coordenadora da ProTeste.
Sob incentivo do governo federal, os primeiros anúncios de redução dos juros foram feitos pelos bancos públicos. E o movimento foi copiado pelas instituições privadas, diante do risco de perda de correntistas.
A estratégia oficial do governo é diminuir o spread bancário (diferença entre o que o banco paga para obter dinheiro no mercado e o valor cobrado de clientes) para estimular o consumo. Mas para tirar vantagem, é preciso ficar atento.
— Pesquisar antes é a melhor solução; a preguiça pode custar caro. Se a pessoa já tomou o empréstimo, vale a pena fazer cotações para negociar taxas menores, seja barganhando com a instituição atual ou mudando para a concorrência. Mas é preciso avaliar bem para ver quando compensa a troca — diz Marcelo Prata, presidente do Canal do Crédito, site que funciona como buscador de taxas em diferentes bancos.
Valter Police, planejador financeiro pessoal, diz que, apesar de terem caído para algumas linhas de crédito, os juros ainda são muito altos.
— Além disso, é difícil que os bancos efetivamente concedam às pessoas comuns as taxas mínimas anunciadas nas propagandas. Esses percentuais, normalmente, são para clientes que atendam a critérios específicos, como ter aplicações no banco — afirma Valter.
DC