JBS compra catarinense Agrovêneto por R$ 128 milhões
Ter, 06 de Novembro de 2012, 06h22min
A maior empresa do mundo no processamento de carnes, a JBS, anunciou a entrada no mercado produtivo de aves catarinense com a compra da Agrovêneto. O comunicado, feito nesta segundo, é visto pelo mercado como um passo estratégico da gigante que vai completar 60 anos em 2013. A empresa familiar de Nova Veneza será adquirida por R$ 128 milhões, e deve marcar apenas o início dos investimentos da JBS no Estado.
Esta é a leitura do presidente da Cidasc, Enori Barbieri, que acredita que a JBS está entrando em SC de forma estratégica, agora, com olhos no futuro. Mais especificamente, no resultado das reuniões que o governo de SC terá com autoridades japonesas nesta semana.
— Esta procura por SC é feita na iminência da abertura do mercado japonês para a carne suína catarinense. Acredito que a JBS está enxergando, na aquisição da Agrovêneto, uma oportunidade de entrar em SC e conquistar a simpatia do Estado. Com a pretensão de, em seguida, investir na área de suínos e de bovinos por aqui — avalia Barbieri.
A JBS, multinacional que atua nas áreas de alimentos, couro, produtos para animais domésticos, biodiesel, colágeno, latas e produtos de limpeza, tem 301 unidades de produção espalhadas pelo mundo e cerca de 135 mil colaboradores, está em período de silêncio porque divulga, na próxima semana, os resultados da empresa no terceiro trimestre. Mas informou, através do comunicado aos acionistas e ao mercado que assinou, no último sábado, um termo de compromisso para a aquisição de 100% das ações da Agrovêneto.
A compra ainda depende de aprovação dos órgãos reguladores, do Conselho de Administração da JBS e de uma due diligence (averiguação prévia das contas detalhadas da empresa que será adquirida). Se for aprovada, a aquisição será feita com o pagamento de R$ 10 milhões em ações da JBS e o restante, R$ 118 milhões, assumido como dívida.
Em maio deste ano, a JBS divulgou a compra de outra empresa do setor, a Doux Frangosul, no Rio Grande do Sul, que teve a sua aquisição aprovada em agosto pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Na avaliação de Clever Pirola Ávila, presidente da Associação Catarinense de Avicultura (Acav), estas duas aquisições, incluindo a catarinense Agrovêneto, devem colocar a JBS na quarta posição entre as grandes do setor no país.
Em nota, a JBS afirmou que a aquisição da Agrovêneto complementa o negócio da empresa no segmento e que a unidade de Nova Veneza será incorporada à JBS Aves, que passa a ter quatro unidades no Brasil. Juntas, elas seriam capazes de processar 1,34 milhões de aves por dia. O presidente da Cidasc vê a notícia sob as óticas positiva e negativa:
— Inicialmente, lamento que uma empresa familiar catarinense, localizada em uma cidade do interior com toda a sua diretoria, passe por esse processo de compra. Infelizmente o setor não está suportando a crise da alta dos insumos. Por outro lado, é uma boa notícia que a Agrovêneto está sendo incorporada por uma grande empresa de carnes, que está inaugurando a entrada em SC com viabilidade de ampliar os seus negócios.
A Agrovêneto não quis comentar a venda e indicou a JBS para falar. De acordo com Barbieri, a empresa catarinense estava passando por dificuldades há um ano, pelo menos, devido à queda do preço do frango no mercado internacional com a crise financeira na Europa, em especial.
Na análise de Barbieri, este deve ser apenas o primeiro passo da JBS em SC. Para ele, a multinacional pode ampliar a sua área de atuação na avicultura, adquirindo outras pequenas e médias empresas do Estado que tem qualidade de produtos para exportação e que podem ser incorporadas porque estão sofrendo com a crise. Para os produtores, a vinda da JBS deve ser positiva.
— Temos 900 aviários no Sul do Estado, e muitos produtores de outras empresas estão com os seus aviários fechados. A JBS deve fazer uma campanha para atrair os produtores que estão com dificuldades.
DC