Estiagem amplia prejuízos de agricultores no Oeste
Qua, 05 de Setembro de 2012, 07h16min
SC mal acabou de sair de um período de estiagem, que trouxe prejuízos de R$ 777 milhões, e a falta de chuva já começa a trazer problemas para o Estado, principalmente na região Oeste. Nesta terça houve uma reunião da Defesa Civil de Chapecó para tomar algumas medidas de fornecimento de água.
Agosto, com 2,3 milímetros, foi o mês com menor chuva já registrado na Estação Meteorológica da Epagri em Chapecó. Isso em 43 anos de registro, segundo o observador meteorológico Francisco Schervinski. Na cidade, nos últimos 10 meses, houve chuva abaixo da média em oito, segundo a Epagri.
Em Chapecó, 375 famílias do interior estão recebendo água com caminhões pipa. O volume varia entre 65 mil e 80 mil litros por dia.
De acordo com o secretário de Agricultura de Chapecó, Altair Silva, a produção de leite já caiu 30%, devido às pastagens secas, e o plantio de milho está atrasado cerca de 15 dias.
Flávio Fonseca, por exemplo, deveria ter plantado 20 hectares de milho:
— Já deveria ter nascido.
Ele lamenta que teve prejuízo na safra passada, onde perdeu 70% das lavouras de milho e soja.
— Deixei de colocar no bolso R$ 600 mil.
Outro produtor que teve perdas na safra passada e agora novamente amarga prejuízo é Claudemir Laval. Ele perdeu 50% da safra de milho e de soja. Agora já tem quebra de 50% nos 43 hectares de trigo e, nos 26 hectares de milho, não germinaram 35% das plantas.
— Já é uma lavoura estragada. Às vezes dá vontade de vender tudo e ir para o Mato Grosso — desabafa.
Se chover nos próximos dias, ele vai tentar replantar manualmente nos espaços onde o milho não nasceu.
O funcionário da Agropecuária Locatelli, Paulo Kreibich, aguarda a chuva para plantar os 150 hectares de milho, que já deveriam estar na terra:
— Estamos com as máquinas prontas e paradas há duas semanas.
O secretário adjunto de Agricultura do Estado, Airton Spies, afirma que as perdas são mais concentradas no Oeste. A falta de chuva já começa a comprometer a próxima safra. Spies lembra que a estiagem passada, é um dos fatores que está agravando a crise na suinocultura e na avicultura.
Chuva volta este mês
Até metade de setembro os moradores de SC ainda vão conviver com a falta de chuva. Segundo o meteorologista do Grupo RBS, Leandro Puchalski, há uma massa de ar seco que funciona como um bloqueio atmosférico desviando as massas de ar frio que vem da Argentina, para o Oceano Atlântico. Puchalski diz que a falta de chuva não é uma estiagem nova e nem continuidade da anterior.
— É uma condição pontual.
A boa notícia é que as chuvas devem normalizar a partir da segunda quinzena deste mês. As chuvas podem até ser acima do normal se for confirmada a incidência do fenômeno El Niño, que provoca mais chuvas.
A Epagri/Ciram também prevê normalização das chuvas a partir da segunda quinzena. Em outubro, as chuvas podem passar de 200 milímetros no Oeste e Meio Oeste.
DC