Dezessete cidades de SC receberão médicos por programa de governo federal
Qua, 07 de Agosto de 2013, 07h53min
A partir de setembro, 17 cidades catarinenses receberão profissionais da saúde pelo programa do governo federal Mais Médicos. O efetivo atenderá apenas 14% dos municípios catarinenses que tinham se cadastrado para receber os médicos. No país, apenas 6% da demanda foi atendida pelo programa. Para especialistas, o pouco interesse dos médicos reforça a alternativa de se trazer profissionais de outros países.
Em Santa Catarina, serão 23 médicos distribuídos no interior e na Capital. A lista exclui 102 municípios que tinham se inscrito. Inicialmente, 45 médicos demonstraram interesse em atuar no Estado, mas apenas 23 homologaram a participação. Para o ministro da saúde, Alexandre Padilha, os números devem apontar novas possibilidades de parcerias.
— Tendo o quadro da distribuição, onde se concentra a carência, fica mais factível para o Ministério da Saúde buscar parcerias com países e universidades — afirmou o ministro, durante a apresentação dos dados ontem.
A professora de Medicina da Univali e especialista em Saúde Pública Rosaura de Oliveira Rodrigues acredita que a baixa adesão tenha sido um “não” para se trabalhar no interior. Ela concorda que o governo procure bons profissionais de fora que queiram vir.
— O que não dá é para deixar a população sem médicos, seria muito corporativismo nosso — considera a professora.
Rosaura atribui a baixa participação dos médicos à falta de valorização dos generalistas — como os solicitados no Programa —, fazendo com que muitos formados optem por se especializar em uma área. A própria questão do conforto e da vontade de receber salários mais altos também pode ter atrapalhado.
Outro ponto, segundo ela, é que muitos profissionais acham que precisam de muita estrutura ou tecnologia para conseguir atender, o que não corresponde à pratica. Na maioria dos casos, de acordo com ela, não é necessário atendimento em hospital ou apoio tecnológico, mas apenas profissionais que possam atuar em atendimento e prevenção. Para a médica, então, além dos investimentos em estrutura e incentivo para os médicos, é necessária uma mudança de mentalidade.
— Tem que inverter a mentalidade também da população que acha que o melhor médico é o especialistas e colocar a atenção básica como prioridade. Também é necessário forçar os gestores a bancarem os direitos de sáude — considera.
O Ministério da Saúde decidiu prorrogar até próxima quinta-feira o prazo para confirmação de participação para os inscritos no programa. Uma segunda chamada para os profissionais começa no dia 15.
DC