Adiamento da visita de Dilma impõe alto custo político para EUA
Qua, 18 de Setembro de 2013, 07h20min
O adiamento da visita que a presidente Dilma Rousseff faria a Washington é possivelmente o mais alto custo político que os Estados Unidos tiveram de pagar até agora pelas revelações de espionagem contra a Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês).
Se por um lado a presidente corre o risco de despertar em Washington ecos do estereótipo do líder latino-americano populista e nacionalista, por outro é o governo do presidente Barack Obama que terá de lidar com a incômoda realidade de que as acusações ameaçam, sim, relações com aliados que considera estratégicos.
Da mesma forma, indica-se que a visita de Estado poderia ser retomada, em tom cordial e positivo, tão logo o assunto seja considerado superado.
Ainda assim, “é difícil retratar esse episódio de outra maneira que não seja um retrocesso nas relações”, define Michael Shifter, presidente do Interamerican Dialogue, um dos principais centros de estudos sobre América Latina baseados em Washington.
Sinal das mudanças na relação de forças entre países emergentes e industrializados, estava nas mãos da presidente brasileira a decisão capaz de afetar uma relação que gira US$ 100 bilhões por ano em comércio e serviços, engaja governos e setores privados e abarca áreas estratégicas como educação, ciência e tecnologia e energia.
Dilma se encontrava sob pressão política em direções opostas. A possibilidade mais arriscada para a presidente, acreditam analistas, era que novas revelações de espionagem americanas fossem divulgadas justamente quando ela estivesse em visita a Washington, propagandeando as “relações estratégicas” de Brasil e EUA.
Para a líder que vem se recuperando de uma queda circunstancial nas pesquisas de opinião, o risco de ficar “mal na fita” com os norte-americanos pode ter-lhe parecido um mal menor.
Terra