Oposição torce por um racha entre Lula e PT
Seg, 27 de Julho de 2009, 08h31min
Enquanto se prepara para ir ao Conselho de Ética contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), a oposição torce por um racha entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a bancada do PT na Casa.
A nota distribuída pelo líder petista Aloizio Mercadante (SP) na sexta-feira, voltando a pedir que Sarney se licencie do cargo, deu fôlego ao plano de manter a crise acesa até que termine o recesso parlamentar.
A nota emitida por Mercadante em nome da bancada petista foi distribuída em tom que contraria a orientação expressa do Planalto de dar sustentação a Sarney. Alguns senadores foram consultados, mas outros disseram em conversas reservadas que foram pegos de surpresa. No texto, o líder considerou “grave” a revelação de gravações da Polícia Federal que mostram Sarney negociando com o filho Fernando a contratação do namorado de sua neta na Casa. E concluiu dizendo que “a bancada do PT reafirma sua posição de que o melhor caminho seria o pedido de licença da presidência da Casa pelo senador José Sarney”.
Oposicionistas avaliam que o ideal seria um pedido concreto de afastamento, claramente endossado por todos os senadores petistas. Ainda assim, consideram que as tensões entre o Planalto e a bancada só têm bons frutos a render. No pior dos cenários, acreditam que o presidente Lula poderá recuar nas manifestações em apoio ao presidente do Senado, permitindo que a bancada continue em busca de uma saída intermediária.
– O PT precisa decidir se é sim ou se é não. O que não dá é para eles ficarem em cima do muro dessa forma – provocou o líder do PSDB na Casa, senador Arthur Virgílio (AM).
– Vamos cobrar do PT que seja coerente com a posição que tinha antes de o presidente Lula interferir – reforçou o líder do DEM, senador Agripino Maia (RN), em referência ao jantar que Lula teve com a bancada petista no início do mês, em que orientou senadores a apoiarem Sarney.
– O que nos resta saber agora é quem manda na posição do partido na Casa, se é a bancada ou o presidente Lula, que claramente não está nem aí para a imagem do Senado, ou para a imagem dos senadores do PT – complementou Agripino.
Apesar de avaliar que a situação de Sarney ficou mais delicada nos últimos dias, Lula não pretende abandoná-lo por temer perder o apoio dos peemedebistas na CPI da Petrobras.
O presidente, contudo, deve reduzir as manifestações públicas em defesa de Sarney e atuar mais nos bastidores. Segundo um assessor presidencial, seu chefe não quer dar motivos para que o PMDB no Senado tenha uma posição hostil aos interesses do governo.
O presidente comentou com um aliado que não deseja enfrentar, na reta final do governo, uma nova CPI no estilo da que investigou o mensalão, sobre a qual perdeu o controle e que levou assessores a recomendar que ele desistisse da reeleição.
(Fonte: diario.com.br)