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    Saída de Gavazzoni deixa Raimundo Colombo sem seu principal operador de governo

    Ter, 23 de Maio de 2017, 07h25min

    — Eu não aguento mais.


    Foi com essa frase que Antonio Gavazzoni (PSD) abriu a conversa com jornalistas no início da tarde desta segunda-feira em que anunciou os motivos que levaram à decisão de deixar a Secretaria da Fazenda após a segunda citação em delação premiada em um intervalo de 37 dias. O pessedista afirmou que não conseguiria conciliar o dia-a-dia de trabalho na pasta com a intenção de fazer sua própria defesa em relação às narrativas dos delatores da Odebrecht e da JBS que o vincularam à suposta arrecadação de recursos irregulares para a campanha à reeleição do governador Raimundo Colombo (PSD) em 2014.


    A saída de Gavazzoni torna-se a primeira consequência prática da crise política motivada pelas delações. No comando da Fazenda desde janeiro de 2013, ele se tornou uma espécie de primeiro-ministro de Raimundo Colombo. Por sua pasta, considerada o coração do governo, passavam praticamente todos os temas de política e gestão. Com estilo próprio e comando da equipe, Gavazzoni deixou sua marca na máquina pública em temas como a reforma da previdência e a renegociação da dívida do Estado — e também em questões polêmicas como a operação contábil que desvinculou quase R$ 1 bilhão em impostos a serem pagos pela Celesc entre 2015 e 2016.


    Pego de surpresa com os termos da delação do executivo Ricardo Suad, da JBS, na tarde de sexta-feira, Gavazzoni maturou a saída do cargo no final de semana. Conversou com amigos e aliados e decidiu levar em frente a decisão que já ameaçava tomar em abril, quando os delatores Paulo Welzel e Fernando Reis, da Odebrecht, disseram que ele intermediou arrecadação de recursos não-declarados para campanhas de Colombo e dos deputados estaduais Gelson Merisio (PSD) e José Nei Ascari (PSD) em 2014. Frente à nova delação, ele avaliou que precisava cuidar da própria defesa.


    — Não posso ficar aqui trabalhando e assistir um cara hoje dizer uma coisa, amanhã dizer outra. Sou doutor em direito, quem melhor do que eu pra cuidar da minha própria vida? É a coisa certa. Encontrei meus limites. Eu vou pro pau. Vou processar quem tem que processar — disse Gavazzoni aos jornalistas.


    Antes do encontro, ele oficializou a decisão ao governador. Foram dois encontros sobre o assunto, na noite de domingo e na manhã de ontem. Colombo teria tentado demovê-lo, mas disse compreender o gesto. Imediatamente definiu uma solução caseira para a sucessão — o ex-secretário-adjunto Almir Gorges, fazendário de carreira aposentado ano passado. O convite, em tom de convocação, foi feito ainda na noite de ontem.


    O último dia de Gavazzoni como secretário da Fazenda teve muitas visitas de secretários e deputados estaduais - nomes como os dos tucanos Marcos Vieira e Leonel Pavan estiveram por lá - e choro na reunião com os diretores da pasta em que anunciou a saída.


    — De todos os secretários da Fazenda que acompanhei desde que estou aqui, ele foi o que mais tinha a equipe na mão. Sabia administrar os interesses internos e profissionalizou a gestão — afirma um servidor da Fazenda hoje lotado em outra função e que trabalhou com diversos secretários desde os anos 1980.


    É consenso no governo que a saída de Gavazzoni ainda precisará ser assimilada no dia-a-dia do comando da máquina. O estilo do secretário era uma espécie de anteparo a Colombo, especialmente na hora de receber políticos e empresários. É possível que o próprio governador precise entrar mais no circuito, levando em conta o perfil técnico de Almir Gorges. 


    A demissão de Gavazzoni interrompe um período de pouco mais de 10 anos na máquina do Estado. Em janeiro de 2007, ele foi indicado pelo então PFL para assumir o cargo de secretário de Administração do governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB), recém-reeleito. Com apenas 32 anos, ele ganhou destaque com medidas de cortes de gastos de custeio e, especialmente, com a construção da reforma da previdência estadual.


    Ao conciliar interesses dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário para uma proposta única, ele ganhou credenciais junto a Luiz Henrique, que o nomearia para a Fazenda em 2009. Ele deixaria o cargo em abril de 2010, acompanhando dos filiados do DEM que apoiavam a primeira candidatura de Colombo ao governo. Com a vitória do aliado, havia a expectativa de que ele reassumisse a Fazenda, mas o governador tentou levá-lo para a Saúde e acabou nomeando-o na presidência da Celesc.


    O episódio chegou a afastar politicamente os dois, mas Gavazzoni acabou reconvocado para o coração do governo em 2013 com a missão de enfrentar a queda de arrecadação causada pela crise econômica. No cargo, reconquistou a confiança de Colombo e tornou-se seu principal articulador.


    — Nossa conversa foi de dois amigos frustrados. Não haveria argumento para me dobrar. Eu já estava insatisfeito no primeiro episódio. Eu vou mostrar a vocês quem eu sou, mas não posso fazer isso algemado ao dia-a-dia da Fazenda.


    DC

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