Argentinas prometem continuar com a luta pelo aborto legal
Sex, 10 de Agosto de 2018, 06h51min
“Que vire lei!”: com esse grito de guerra, centenas de mulheres acompanharam ao longo da madrugada a votação do Senado, que acabou sentenciando o fim do projeto de legalização do aborto.
Após mais de 17 horas acompanhando o debate na rua, muitas resistiam nos arredores do Congresso. Dezenas de milhares de manifestantes tinham ido embora, devido ao frio, à chuva e a uma certeza cada vez maior de que o resultado seria adverso.
Por volta das três da madrugada, quando o rechaço ao projeto se tornou realidade, a raiva explodiu no lado verde, cor que identifica a luta pela legalização do aborto.
Do outro lado da praça do Congresso, separados por cercas e policiais, os azuis “Pró-vida”, como se autodenominam os contrários à legalização, festejavam com fogos de artifício.
“Isto acaba de começar, não poderão deter a maré feminista que veio para mudar a Argentina. Mais cedo ou mais tarde será lei”, escreveu no Twitter após o fim da sessão no Senado a deputada Victoria Donda, uma das impulsoras do projeto no Parlamento.
A 700 metros do prédio, um telão transmitia o debate ao vivo. “Fora macho, fora macho”, gritavam os manifestantes quando falava um senador contrário à legalização do aborto.
- “Ganhamos nas ruas” -
“Vamos continuar brigando, insistindo, como fazemos há um monte de anos”, disse Sofía Spinelli, de 26 anos, que marchava junto a sua agrupação política Marabunta.
Para Spinelli, “vivemos dias históricos, porque antes éramos muitas, mas nunca tantas. Nas ruas ganhamos, mas a representação política não é fiel ao que acontece nas ruas”, lamentou.
DC